quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Pelo direito de ter 20 anos e acreditar no que eu bem entender

Desde as eleições, me cala a tropa do "no meu tempo era melhor" querendo censurar meus ideias por puro efeito de ego, aquele misto da melhor arte barroca junto ao romantismo de quem pintou a cara para participar do impeachment do Collor.

Me cala o grupo dos adultos infelizes, que com o mesmo salário há algumas décadas e o carro zero a cada três anos já não sabem mais sonhar com nada além de estabilidade financeira e uma boa aposentadoria. 

Me calam as cabeças grisalhas que desacreditam na articulação da atual juventude por terem medo de mudanças na rota até o trabalho, que se assustam com uma faixa pintada de vermelho perto do carro. 

Me calam os rostos apáticos, cor-de-escritório, que já não conseguem mais olhar para o lado, olhar para tudo aquilo no que já acreditaram e defenderam. Que já não conseguem mais se imaginar vivendo uma vida diferente das dos seus pais. 

Me cala a hipocrisia desses anfitriões, que perderam a essência daquilo que os mantinham parte de um coletivo para se fechar num condomínio de luxo com padaria e salão de beleza. 

Não, eu não sou criança. Não, eu não estou fazendo baderna. Não, eu não tenho uma fé cega naquilo que me cerca (ao contrário de quem acorda e dorme pensando nas mesmas coisas todos os dias). Estou somente, e tão somente, tentando exercer vosso papel de 20, 30 anos atrás. Mantendo a engrenagem da luta funcionando. Questionando a ordem se esta não me soa justa. Fazendo com que todos os momentos nos quais vocês abriram fogo por não aceitarem algo goela abaixo não se percam na memória de curto termo que os toma.

É a minha vez de continuar o que vocês pararam por desejarem levar uma vida comum, sem preocupações que os façam refletir. 

Posso?

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