Definição: Pessoa
que não é bem-vinda
Seu corpo te incomoda?
Sempre
ouço pessoas dizerem que nenhuma mulher é satisfeita com o corpo. Essa
alegação, além de sexista – já que a insatisfação não é exclusividade de gênero
–, é tratada com uma espontaneidade assustadora, que coloca a não-aceitação
como a ordem natural das coisas.
Se
digo que me sinto feliz e bonita sendo cheinha, muita gente entende que me
autoafirmar é só uma forma de escapar da minha “realidade” (que realmente me agrada!).
Por
que somos tão induzidos à infelicidade estética?
Numa
relação de puro maniqueísmo, o corpo considerado feio e doente pela maioria das
pessoas é aquele que carrega excessos. Estar acima do peso, de fato, traz
riscos a longo prazo para o organismo, mas grande parte dos profissionais da
beleza e da saúde fizeram dessa constatação o álibi perfeito para a mentalidade
gordofóbica que carregam.
Da
mesma forma como acontece com as medidas, cor (da pele e dos olhos), tipo de
cabelo, marcas de expressão, músculos não definidos e tudo o que foge ao que
aparece nas passarelas é considerado uma anomalia.
Um
padrão de beleza só seria “possível” se vivêssemos em condições naturais e sociais
idênticas. Não é viável, por exemplo, adotar o fenótipo francês ou sueco como
ideal para o Brasil, conhecido pela diversidade e miscigenação. Essa ideia
parece boba e óbvia, mas nunca nos vem à cabeça quando nos frustramos na hora
de provar uma calça que veste até o 42 ou da epopeia que é achar uma base para
pele negra.
Barriga,
cabelos crespos, braços flácidos, estrias, celulites, rugas: o problema não
está em você, mas sim nos olhos doentes de quem já não sabe enxergar sua beleza
natural e individual, interior e exterior. Sentir-se deslocadx por não vestir
34 ou por não ter cabelos lisos e olhos azuis, só dá margem para o business da indústria da imperfeição,
que busca em sua tristeza o consumo desenfreado de milagres que não acontecem e
não precisam acontecer.
E se eu quiser
seguir esse padrão?
Como
comunicadora, feminista e manequim GG, minha função aqui é mostrar que é
perfeitamente possível viver sem se enquadrar em padrão nenhum. Se, mesmo sabendo disso, seguir o que padrão
pede te faz bem, vá em frente e mergulhe na vida sem beliscos no meio do dia e
gorduras trans.
Da
mesma forma que ninguém deve julgá-lx, por favor, não fique patrulhando o corpo
de quem está ao seu lado por tomar as premissas do “padrão” como o único
caminho.
No
fim do ano passado, resolvi passar numa nutricionista para balancear minha
alimentação e acabei comentando a novidade com várias pessoas que, em menos de
dois dias, viraram nutricionistas e patrulheiros. É realmente frustrante e
desagradável abrir um chocolate e ouvir um “e sua dieta?” ou “você não deveria
ficar comendo isso”, do mesmo jeito que “você nunca pensou em colocar
silicone?” ou “essa roupa não valoriza muito seu corpo” incomodam.
Respeite
quem está feliz e nada de recomendações inconvenientes.
Trégua com o
espelho
Não
existe receita pra se aceitar. Existem indícios de que talvez você esteja
insistindo numa maneira de ficar “mais bonitx” que vai contra suas vontades e
ideais – ansiedade, pressão, frustração e infelicidade são alguns.
Se
você está insistindo em uma mudança estética que parece não aliviar seu
incômodo, avalie a real necessidade, lembrando que ninguém além de você deve
ter influência sob seu corpo.
Com
mente e corpo em harmonia, você sempre vai ser livre pra ser feliz do jeito que
quiser. É o que vale.
Quem me inspirou nesse post:
https://www.facebook.com/ffcasperiana
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http://thinkolga.com/
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